segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Uma nova Escola nas Lajes fora da Vila? Nunca!

Governo abre concurso para projecto das novas instalações da EBS das Lajes do Pico

O Governo dos Açores abriu concurso para a concepção do projecto e aquisição de serviços técnicos destinados à construção das novas instalações da Escola Básica e Secundária (EBS) das Lajes do Pico.

Nos termos do procedimento lançado pela Secretaria Regional da Educação e Ciência, com um custo estimado de 280 mil euros, prevê-se a escolha de cinco soluções de concepção, ao nível o estudo prévio, devendo o Governo contratar com o subscritor ou subscritores de uma delas a aquisição de serviços para os projectos de especialidade e de execução do novo edifício escolar.

O prazo de recepção de projectos e dos pedidos de participação decorre até 31 de Janeiro de 2008. GaCS/AP

Esta notícia do GACS, levanta várias questões:

1. Por que motivo é que o Governo vai construir uma nova escola, quando o grupo de trabalho constituído por representantes da Câmara e do próprio Governo acordaram que construir uma nova escola fora da Vila era um erro?

2. Sabendo-se que a população escolar está a diminuir e que nova escola vai ser construída na Ponta a Ilha para o ensino básico (1º e 2º ciclos do básico, pelo menos), justifica-se nova construção?

3. Os exemplos de remodelação e ampliação das escolas Antero de Quental, Domingos Rebelo e Roberto Ivens de Ponta Delgada, as duas primeiras com mais de dois mil alunos, significa que háq dois pesos e duas medidas.

4. Sobrepôr medidas eleitoralistas desajustadas e impensadas que geram sempre o despesismo e a demagogia política, uando deveriam atender ao desenvolvimento dos povos e localidades, é um mau princípio.

5. Melhorar e beneficiar a actual escola SIM e é possível e necessário. Construir empreendimentos desgarrados e afastados das localidades e das pessoas NÃO.

6. Penso que o bom senso há-de imperar e que os projectos não passarão do papel, pois não aproveitam ao desenvolvimento das populações. E já agora , e se em vez de se construir a escola no Biscoito, se construísse ao cimo da ladeira da Vila, a caminho das Terras? Tirar a Escola da Vila é que NUNCA!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O "crime" de votar PS

Os Lajenses têm manifestado em muitos dos actos eleitorais para os orgãos dos poderes regional e nacional a sua preferência pelo Partido Socialista, ao contrário de outras localidades da Ilha, que, optam por outros partidos à direita do espectro político.
Esta opção tem de ter consequências, sob pena de os eleitores desacreditarem os políticos e as políticas da sua preferência. E ao longo destes últimos anos, os lajenses não viram nem sentiram as consequências da sua opção pelo PS.
Para além da orla marítima, velha aspiração satisfeita pelo executivo de C.César e pela encolhida construção do porto de recreio náutico, no interior da antiga e exígua Lagoa, fundamental para a actividade de whale-watching, nada mais se vislumbra que retire esta Vila da letargia em que se encontra.
No domínio da saúde, médicos, instalações e equipamentos não respondem à problemática da doença e nem há heliporto para nos levar à Horta ou mais além...
No domínio dos serviços e empresas públicas, as instalações foram levadas com o consentimento governativo para outras paragens e as que cá ainda estão, ou são exíguas - serviços da SRHE e SRA - e não dignificam a Região, nem valorizam a mais importante zona de produção agro-pecuária da ilha. O que ficou na Piedade, do retirado para a Madalena no tempo de Adolfo & Ferreira, até já dá para o ambiente, para serviços agrários e florestais, até que alguém se lembre de levá-los para outras latitudes fronteiriças...
No sector turístico, contam-se pelos dedos o número de camas e de unidades hoteleiras, enquanto os dois hotéis da Madalena se preparam para aumentar a capacidade para cerca de 500 camas. Do novo hotel nas Lajes, nem fala o plano do Governo para 2008 e do campo de golf, só intenções...
Timida e titubeantemente se fala da Escola B/S das Lajes, mas nem se anuncia qual o projecto de ampliação nem se afirma peremptoriamente que uma nova escola é para ir por diante.
De apoios ao comércio tradicional - o conhecido URBCOM - as Lajes não foi tida nem achada. Nem se discutiu publicamente o assunto, nem se incentivou publicamente os comerciantes a fazerem investimentos apoiados pelo Governo da República, ao contrário, por exemplo, de Sta Cruz da Graciosa que apresentou 5 projectos.
Nada! para as Lajes, nada! Nem um pequeno ou grande jardim, nem um complexo habitacional a custos controlados, como se faz noutras localidades rurais - não haveria interessados? certamente que sim! -, nem um campo de futebol sintético, nem um cais de passageiros...nada! Só " mar, um barco na distância, uma ganhôa pairando...a advinhar-lhe à prôa, Califórnias perdidas de abundância" (Pedro da Silveira)
Há muito que miradouros aguardam por pequenos arranjos que tornassem mais acolhedora a paisagem do sul; há espaços ambientais classificados por legislação regional e europeia, sem a necessária informação - uma placa identificadora, um pequeno prospecto, um roteiro pedestre, um guia de natureza, uma promoção, uma visita... NADA!
Tudo para o outro lado, tudo para quem votou na oposição, contra César, contra o Governo.
E para nós? NADA! ou tão pouco que dois lares de terceira idade e um centro de saúde onde os que aqui restam, darão lugar para morrer...
Será este o destino do povo do sul que maioritariamente votou no PS?
Acredito que não, espero bem que não!!!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

É tempo de acabar com paroquismos de fronteira

Neste fim de tarde amena de Outono, com uma das paisagens mais belas dos Açores, dou comigo a reflectir no futuro desta terra e desta gente que, por força do destino e da inoperância dos poderes públicos, se viram forçados a procurar melhores destinos para as suas vidas.
Os que aqui ficaram, resistiram ao abandono propositado ou não de governantes insensíveis
a gente de rija têmpera que lutou muito para que a sua terra fosse o que hoje é - um recanto da natureza, um espaço de sonho e de sonhos por vezes impossíveis de concretizar...
Os lajenses são assim: fortes e destemidos, corajosos e teimosos quando a razão lhes assiste.
Esperam, esperam sempre, porque sabem que a sua terra tem mais valias que os de fora reconhecem.
Quando se vislumbrará um futuro melhor e mais promissor para esta terra, primeira do Pico?
Já é tempo de nela apostar. Não o fazer é perder oportunidades que redundam em favor de todos os picoenses e açorianos.
É tempo de acabar com paroquismos de fronteira e abrir à ilha inteira a oportunidade do futuro.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

"A Vila que nos resta..."


..."recordando João Lacerda, lembro aqui o avô, João Pereira de Lacerda que, em meados do século XIX, construiu a casa que depois foi de Maricas do Tomé, por herança do pai, José Joaquim Machado, a qual se encontra em iminente derrocada. E é propriedade municipal! (...)

Há dois anos (em 2002) iniciaram-se as obras de recuperação do antigo "campo" de aproveitamento de baleias, no "Caneiro" à entrada da Lagoa, ou porto interior, mas estão por concluir os trabalhos e bem pouco falta...(...)

Já basta de tanto esperar! Sem intuitos de propaganda eleiçoeira, importa olhar com "amor" pela Vila das Lajes, a outrora Fidalga Vila das Lajes, a capital Baleeira, e prepará-la, como autêntica "sala de visitas do concelho" que é, para que se torne lugar aprazível, apetecível e atraente onde seja agadável estar."

Primavera de 2004


Ermelindo Ávila, Figuras § Factos, vol II pag.186

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Reflectir para Modernizar o Concelho



A três meses do final do ano, importa que os representantes e eleitos locais façam uma séria reflexão ou balanço sobre "o dito e o feito", os projectos consagrados em planos municipais e locais e as obras realizadas.


Não podemos continuar a viver apenas da nova piscina de Santa Cruz, desprotegida das maresias, da recuperação do Castelo ou da Fábrica da Baleia ainda de portas fechadas, aguardando a função para que foi reconstruída.


Reflectir sobre o que não foi feito e por quê (rede viária, instalações balneares, etc.), e integrar os futuros projectos na dinâmica que vai necessariamente gerar a protecção da orla costeira, associada ao porto de recreio.


É uma nova e moderna perspectiva que se abre às Lajes, ao sul e à Ilha, que tem de ser acompanhada de incentivos à fixação de pessoas e de atracção de novos investimentos. Como acontece noutros concelhos demograficamente idênticos ao nosso.


Reflectir para modernizar o concelho, é preciso! E todos são chamados a fazê-lo, sobretudo as entidades sociais, políticas e até religiosas. Que ninguém fique de fora pois o futuro deve ter a marca de todos os lajenses - residentes e ausentes.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A "independência" do Senhor Deputado

Acabei de ler no Jornal do Pico um artigo assinado por Lizuarte Machado, cidadão, comandante da marinha mercante e deputado eleito do PS pelo Pico.
Sendo que o escrito fala do transporte marítimo entre Pico e Faial - é maior o número de passageiros entre a Madalena e a Horta que no sentido inverso, - importa que tudo se faça para manter este tráfego dentro do razoável e das necessidades dos utentes, que vão ao Faial para o essencial e o acessório, sendo que o essencial e básico são os cuidados de saúde hospitalares e as viagens de avião... e o secundário ou acessório são as compras de bens e serviços que só em casos pontuais é que no Pico não há.
Mas o referido articulista que também é deputado eleito pelo Pico tem, a propósito da ligação aérea com Lisboa a seguinte afirmação: "enquanto o Pico, nesse tráfego, mantiver uma única e inútil (sublinhado meu) ligação semanal" (sic).
Com amigos destes, político responsável do grupo parlamentar do PS, não há piores inimigos...
Se não houvesse a única ligação a Lisboa, por certo, não se pretendia que outras existissem, Sr.Deputado, Comandante da marinha mercante. Quando todos reclamamos mais ligações teria sido preferível que Lizuarte Machado contivesse a sua aparente preferência em viajar pela Horta e respeitasse quantos pagam do seu bolso uma pesada taxa para viajar de avião pelo Faial.
Há pessoas de onde se espera maior contenção na liberdade de expressão e mais prudência nos seus juízos de valor, pois demonstram a sua discordância com o Governo que dizem apoiar. Até onde chega o seu grau de independência!?...

domingo, 16 de setembro de 2007

Entrevista de Sara Santos ao "Expresso das Nove"

"Há falta de confiança entre o Estado e o cidadão, afirma Sara Santos
A insularidade e a burocracia são dois obstáculos que os autarcas enfrentam. A gestão financeira é um desafio.
O que a motivou a ingressar na carreira política?Motivou-me a possibilidade de participar num projecto de desenvolvimento da minha terra; a terra onde decidi viver e trabalhar, que no meu caso é também a terra onde nasci. E gostava que nela houvesse qualidade de vida, boas infra-estruturas, bons equipamentos, uma boa vida cultural e social. Enfim, acreditei (e ainda acredito) que podíamos ser cidadãos como quaisquer outros cidadãos do País ou da Europa. Reconhecia que havia muito trabalho a fazer e entusiasmou-me a ideia de participar nesse processo.Quais os principais desafios e obstáculos que enfrentou ao longo desse percurso?Os desafios são muitos e permanentes. Não sei se podemos distinguir "os principais". Um grande desafio que é constante na actividade de um autarca é a gestão dos recursos financeiros. Temos sempre muitos objectivos para concretizar e as receitas nunca são suficientes. E não me refiro apenas àqueles objectivos de investimento em obras, no "betão", como agora se gosta muito de dizer. Refiro-me também às acções imateriais, aquelas que são de investimento nas pessoas, que são prioritárias e também têm custos, embora não se vejam, como também não se vêem muitas vezes os resultados a curto ou médio prazo. Obstáculos, muitos: a falta de qualificação dos meios humanos, a insularidade - porque a distância é espaço, mas também é tempo -, uma administração pública demasiado burocratizada e obsoleta, a falta de confiança mútua entre Estado e cidadãos, o individualismo.Acha que o papel da mulher na política é desvalorizado?Não. Não acho que seja desvalorizado. Penso que os cidadãos não deixam de reconhecer o trabalho de uma política, só porque ela é mulher. Se assim fosse não elegeriam mulheres. Acho é que as mulheres têm que superar mais obstáculos para desempenhar o seu papel. Vivemos numa sociedade conservadora, é um facto, onde muitas atitudes que são toleradas, e consentidas até, nos homens, são censuradas nas mulheres, e onde a demagogia ainda apela à intolerância face à diferença, em vez da sua inclusão.Apesar de haver cada vez mais mulheres na política, certo é que este ainda é "um mundo de homens". O que é possível fazer para inverter esta situação?Talvez haja cada vez mais mulheres na política, mas não acho que essa participação tenha aumentado muito nos últimos anos. Penso que houve um determinado momento em que houve essa preocupação, e foi útil, mas acho que depois se descansou dessa luta. A diferença é que antes esse mundo não era favorável às mulheres, estas tinham que forçar a sua integração num meio masculino e adverso. Agora se não estão lá é por opção própria e é isso que é importante perceber porquê.São as mulheres que impõem obstáculos a si próprias e por isso procuram carreiras em áreas mais estáveis?As mulheres não impõem obstáculos a si próprias, impõem objectivos. E esses objectivos são muitas vezes difíceis de concretizar, mas não deixam de lutar por eles. Penso que as mulheres são mais dinâmicas, ou menos, mais empreendedoras, ou menos, em qualquer carreira. Não considero que haja áreas mais estáveis. A estabilidade ou instabilidade de uma sociedade afecta todas: a cozinheira, a professora, a operária, a autarca...Que conselhos pode dar para quem quer conciliar o trabalho e a família e simultaneamente não perder as oportunidades de carreira?Fazer sempre o que se gosta de fazer. Uma oportunidade de carreira só é uma oportunidade se nos tornar melhores como pessoas e mais felizes - e quando é assim, a conciliação é possível. Conhecem-se muitos casos de mulheres e homens com carreiras de sucesso e que não deixam de dedicar atenção às suas famílias.Quais os seus projectos em termos do futuro político?Os meus projectos foram apresentados há dois anos ao eleitorado que me elegeu para estes quatro anos de mandato.Que balanço faz do seu mandato enquanto presidente de câmara?O balanço posso fazê-lo de uma forma muito objectiva que é listar o que está feito e o que falta fazer: seria uma lista extensa de obras feitas e objectivos já concretizados. Mas a mim preocupa-me mais o que ainda tenho para fazer e a sua concretização será o meu "cavalo de batalha" nos próximos dois anos.Quais as principais carências do concelho das Lajes do Pico?Não temos um tecido empresarial forte que invista e inove. A oferta de emprego é escassa. E são escassos também os recursos humanos qualificados.Qual o grande projecto deste mandato?A qualidade de vida. Fazer do meu concelho um local privilegiado na Região para se viver e trabalhar.Como caracteriza as relações entre o Governo Regional e a Câmara Municipal das Lajes do Pico?São as relações institucionais normais entre um Governo e uma Autarquia. Confesso que são mais cordiais com alguns departamentos do que com outros e que há áreas onde gostaríamos de poder contar com mais alguma colaboração. Queremos sempre mais e melhor, é a nossa natural aspiração. Como autarca estou sempre disponível para colaborar em tudo o que de bom for feito pelo desenvolvimento do meu concelho.
Turismo potencia concelho
Que projectos tem a autarquia para dinamizar o concelho?O programa que apresentei ao eleitorado em 2005 era um ambicioso projecto de renovação do concelho em todos os níveis. Tinha como principal objectivo iniciar um desenvolvimento global, sustentado e duradouro. Para isso, elegemos o triângulo lazer-cultura-ciência como motor de uma estratégia de turismo, o principal elemento de desenvolvimento económico. Em torno disto, definimos todas as estratégias parciais. Para tal, considerámos ser tão importante ter uma unidade hoteleira ou um centro cultural, como reconstruir estradas e caminhos, recuperar zonas balneares e de lazer ou qualificar os estabelecimentos de ensino. Estamos a fazer tudo isso e muito mais a um bom ritmo. Neste pequeno período de tempo, iniciámos uma componente de turismo como a recuperação do Forte de Santa Catarina; na ligação património-cultura-ciência, concretizámos a recuperação da antiga fábrica da baleia SIBIL para instalação do Centro de Artes e de Ciências do Mar; lançámos uma empreitada de quase 1 milhão de euros para recuperação da rede viária municipal; estamos a requalificar toda a rede de estabelecimentos de ensino; no campo do lazer, recreio e desporto, destaco a concretização do primeiro campo de jogos, com relvado sintético e bancada, a piscina municipal e o apoio generalizado às muitas associações do concelho. Somos o município da Região com as maiores apostas em termos de cultura de referência. Portanto, o que desejo continuar a fazer para dinamizar o desenvolvimento económico e social do concelho é isto: solidificar o que está feito e continuar a trabalhar para deixar raízes de desenvolvimento. Para estes pouco mais de dois anos que restam, contudo, gostaria de ver concretizados mais projectos privados.
PerfilSara Maria Alves da Rosa Santos nasceu nas Lajes do Pico, em 1963. De formação técnica - trabalhou quase 20 anos na banca - dá, contudo, uma particular atenção ao desenvolvimento cultural e à promoção da educação. Exerceu funções como presidente de câmara substituta entre Janeiro de 2004 e Setembro de 2005. Foi eleita, em Outubro de 2005, para o cargo de presidente da autarquia das Lajes do Pico. Sara Santos assume-se como uma presidente de câmara de uma novíssima geração: não se reconhece na prática enquistada da velha política portuguesa nem naqueles que exercem os cargos públicos como gestores desinteressados. Na sua prática, integra os bons princípios de missão e de ética social dos mais velhos e os conhecimentos técnicos das novas gerações, qualidades a que depois junta o profundo conhecimento da sua terra e a sua capacidade de concepção e concretização de projectos em prol da comunidade.
ISABEL ALVES COELHO" in semanário "Expresso das Nove"