sábado, 5 de maio de 2007

Ei-los que chegam, os nossos conterrâneos!

Quantos partiram desta ilha porque se acharam impotentes e abandonados à sua sorte, sem alento para os seus braços, nem sustento para os seus. Foram milhares e milhares. Deixaram a ilha exangue e triste, contemplando, em silêncio, o exílio forçado...

Lá longe, com a terra em mente e o coração arrochado pelas saudades, não se desviaram dos ditames tradicionais nem desprezaram os seus. Enviaram roupas e roupas, vestiram a família pelas festas, mandaram dólares em notas e cheques, mercaram a carne para as refeições das festas maiores, adquiriram terras e casas e, quais silenciosos e solidários mecenas, ajudaram tantos a singrarem na vida.
De anos a anos vêm por aí abaixo, malas carregadas com os odores da abundância das terras da América. Trazem camisas e gravatas novas, navalhas e calças de angrim, vestidos e sapatos, brindam amogos e conhecidos com cerveja e vinho e enchem as casas de tal abundância que aqui nunca conheceram. Cumprem promessas ao Senhor Espírito Santo, ao Senhor Bom Jesus, à Sra de Lurdes, ao orago do lugar, dão jantares, arrematam bolos e meninos de massa sovada, encomendam sermões e missas por alma dos seus...

São os filhos desta terra - emigrantes por necessidade, cidadãos americanos e canadianos de pleno direito e convicção, sem nunca abdicarem da sua portugalidade.

Chegam carregados de espectativas e lembranças mas quando partem carregam ainda mais saudades e nos que ficam renasce-lhes a ânsia constante de partir pela tristeza de ficarem sós.

São assim os ilhéus. O seu horizonte é o longe/perto de outros mundos de sonho de que tanto ouvimos contar.

Eles aí estão - os nossos conterrâneos emigrantes - e outros mais ainda virão. Acolhamo-nos porque esta também é a sua casa, a sua rua, o seu lugar, a sua igreja e só com todos eles somos maiores no sonho e na esperança.

4 comentários:

Anónimo disse...

Então, ninguém diz nada?
Só silencio?...

Anónimo disse...

Há textos cujos comentários são supérfluos, não porque não tenhamos alguma coisa a dizer, mas porque nos tornamos repetitivos. De qualquer modo só me resta dizer que gostei do texto e da sua actualidade. Ao menos há alguém que percebe que os nossos emigrantes são pessoas de cá, mesmo quando estão lá...

Anónimo disse...

Gostei do texto, mas atenção, emigrantes não são só os americanos e canadianos.
Muitos foram "forçados" a sair e não regressaram porque lhes fecharam as portas a que tinham direito.(esta é outra historia).
São estes que anualmente sempre voltam e, apesar de tudo, tambem, deixam muito dinheiro.São "turistas" que propagandeiam a sua terra, e que,
tambem, gostam serem reconhecidos, como tal.

Anónimo disse...

Acho que o texto faz justica aos emigrantes, o pior e que na ha pouca consideracoa pelos emigrantes.Quando ai vamos so recebemos com a porta na cara em tudo que precisamos. Exemplo; fui ao hospital numa urgencia e como nao ha sinalizacao estacionamos o carro em frente do hospital, De saida tinha-mos uma multa de 5 contos. Aconselharam-nos que se fosse-mos a policia e dissesse-mos que tinha sido um caso de urgencia eles compreederiam. Sabem qual o resultado. Disseram-me que se tinham enganado que devia era ser 10 contos e foi o que pagamos. Obrigado pela homenagem mas palavras nao custam nada