terça-feira, 15 de junho de 2010

Uma visita, sem estratégia de futuro

O Governo dos Açores volta ao Pico um dia destes. Em visita estatutária.
Não sei o que assinalará a visita, em 2010, mas presumo que será inaugurado o Porto da Manhenha, cujas obras já terminaram há meses e desconheço se há mais alguma obra cuja fita irá ser cortada.
O que importa é se há novidades sobre o desenvolvimento da Ilha, face ao seu despovoamento, envelhecimento e falta de perspectivas para os mais novos.
Ouvi que o conselho de ilha já tinha elaborado o memorando para entregar ao Governo. Mais uma vez, obras e mais obras: a nova escola Secundária das Lajes, porto da Madalena, porto de São Roque, transportes aéreos Pico-Lisboa...
Quanto à primeira, acredito que não faz sentido o investimento, face à instalação de uma escola do 2º e 3º ciclos, na Piedade. Do porto de passageiros e de recreio de São Roque, bem como do da Madalena, penso que em tempo de crise, devemos ser parciomoniosos e aguardar para ver o que isto vai dar.
Não ouvi falar de novos paradigmas para o desenvolvimento que valorizem as nossas riquezas marinhas, as riquezas ambientais, ou a investigação científica, ou um aproveitamento maior dos nossos produtos agropecuários como o queijo típico e a carne, os vinhos e outros produtos característicos.
Não basta consagrarmos a paisagem da vinha como património mundial. Impõe-se que daí colhamos benefícios económicos. Não basta dizermos que o queijo do Pico tem muita fama, quando ele vende-se mal, apresenta-se mal e continua sem grande saída.
Não basta relevarmos a nossa cultura, a nossa gastronomia, a nossa natureza, a nossa paisagem, se tudo isso não beneficiar os que aqui vivem, criando novos serviços, novos empregos, novos atrativos.
Quando em todas as ilhas o whale-watching fôr uma espécie de monocultura do mar, acabou-se o negócio.
Quando em todas as ilhas se produzir o mesmo queijo da Ilha, acabou-se o queijo típico do Pico.
Quando em todas as ilhas as produções forem iguais ou semelhantes, acabou-se o atrativo das pequenas ilhas, pois os visitantes ficarão nos destinos mais próximos e menos caros e aí terão uma visão global dos Açores. Não acreditam?
Então esperem para ver.
O Governo vem ao Pico? Que venha.
Se os empresários e políticos desta terra só continuarem a exigir-lhe a construção de mais obras públicas e não: projectos inovadores, consistentes e perspectivas modernas e inovadoras de um desenvolvimento adequado a esta Ilha, o Governo não terá muito que pensar e fazer. Os engenheiros, arquitectos e gabinetes projectistas far-lhe-ão o trabalho de casa.
Uma coisa, porém, é certa: Nunca, em tempo algum, o cimento gerou desenvolvimento.
Perante isto, mais vale aos empresários e políticos desta terra exigirem ao Governo que estude com organizações competentes, quais os sectores em cuja viabilidade e mais-valia devem apostar os investidores locais ou exteriores. Para que o Pico tenha mais gente e as suas riquezas e vantagens - o seu futuro - sejam valorizados.
De contrário, estamos a brincar às obras públicas e a desperdiçar tempo, dinheiro e energias.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um mês depois...

Um mês é muito tempo.
Foi há um mês que escrevi o último texto deste blogue. Desde então muita coisa aconteceu nesta terra, se bem que, nada de extraordinário, tenha sucedido.

1. As chuvas contínuas, puseram a descoberto a fragilidade dos taludes da estrada regional do lado sul. Nada que não se adivinhasse. Todavia, apesar de cair mais uma quebrada aqui, uma pedra ali, uma ribanceira acolá, as máquinas procedem à sua desobstrução e mantém-se tudo como se nada fosse.
Ninguém protesta: Que se há-de fazer? Contra a força dos elementos, quem pode resistir? Este ano foi demais...para o ano será diferente!
E vamos suportando tudo com paciência, como se não houvesse maneira de prevenir e de proteger pessoas e bens de tragédias que não avisam, antecipadamente.
E o pior é que vem aí o bom tempo e tudo se vai esquecer, como se não tivesse acontecido nada.
E se suceder? Pois paciência!!!...- dirão resignados, os afectados.
Por que será que só aqui é que as entidades responsáveis não tomam as devidas providências?

2. Os lajenses tem assistido ao enchimento do campo de futebol. Alguns (veja-se os comentários do texto anterior) julgam que ali se vai instalar uma central de britagem. Outros criticam à boca pequena, mas não adivinham o que dali vai sair.
Será que os responsáveis camarários não deveriam informar os munícipes do que se pretende fazer no antigo campo de futebol?
Eu penso que sim. E quanto mais cedo melhor. Com um cartaz, com uma informação na Página Autárquica, com uma notícia, com qualquer coisa. Nada pior que o silêncio. É a mãe de todos os boatos, maledicências e lamentações.

3. Os novos proprietários do Moby Dick II apresentaram o projecto do seu empreendimento e revelaram as suas valências. Com uma visão comercial e um louvável interesse colectivo.
Que tenham muito sucesso.

4. Aos poucos a vila vai-se alindando. Foi a Delegação Marítima. Esperemos que a casa da Maricas Tomé dentro em breve fique com um aspecto menos desprezado.
Já anda por aí tanta gente a tirar retratos para mais tarde recordar e para mostrar aos seus amigos e familiares que importa limpar o mais possível tudo quanto desfeia esta Vila.