quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A "independência" do Senhor Deputado

Acabei de ler no Jornal do Pico um artigo assinado por Lizuarte Machado, cidadão, comandante da marinha mercante e deputado eleito do PS pelo Pico.
Sendo que o escrito fala do transporte marítimo entre Pico e Faial - é maior o número de passageiros entre a Madalena e a Horta que no sentido inverso, - importa que tudo se faça para manter este tráfego dentro do razoável e das necessidades dos utentes, que vão ao Faial para o essencial e o acessório, sendo que o essencial e básico são os cuidados de saúde hospitalares e as viagens de avião... e o secundário ou acessório são as compras de bens e serviços que só em casos pontuais é que no Pico não há.
Mas o referido articulista que também é deputado eleito pelo Pico tem, a propósito da ligação aérea com Lisboa a seguinte afirmação: "enquanto o Pico, nesse tráfego, mantiver uma única e inútil (sublinhado meu) ligação semanal" (sic).
Com amigos destes, político responsável do grupo parlamentar do PS, não há piores inimigos...
Se não houvesse a única ligação a Lisboa, por certo, não se pretendia que outras existissem, Sr.Deputado, Comandante da marinha mercante. Quando todos reclamamos mais ligações teria sido preferível que Lizuarte Machado contivesse a sua aparente preferência em viajar pela Horta e respeitasse quantos pagam do seu bolso uma pesada taxa para viajar de avião pelo Faial.
Há pessoas de onde se espera maior contenção na liberdade de expressão e mais prudência nos seus juízos de valor, pois demonstram a sua discordância com o Governo que dizem apoiar. Até onde chega o seu grau de independência!?...

domingo, 16 de setembro de 2007

Entrevista de Sara Santos ao "Expresso das Nove"

"Há falta de confiança entre o Estado e o cidadão, afirma Sara Santos
A insularidade e a burocracia são dois obstáculos que os autarcas enfrentam. A gestão financeira é um desafio.
O que a motivou a ingressar na carreira política?Motivou-me a possibilidade de participar num projecto de desenvolvimento da minha terra; a terra onde decidi viver e trabalhar, que no meu caso é também a terra onde nasci. E gostava que nela houvesse qualidade de vida, boas infra-estruturas, bons equipamentos, uma boa vida cultural e social. Enfim, acreditei (e ainda acredito) que podíamos ser cidadãos como quaisquer outros cidadãos do País ou da Europa. Reconhecia que havia muito trabalho a fazer e entusiasmou-me a ideia de participar nesse processo.Quais os principais desafios e obstáculos que enfrentou ao longo desse percurso?Os desafios são muitos e permanentes. Não sei se podemos distinguir "os principais". Um grande desafio que é constante na actividade de um autarca é a gestão dos recursos financeiros. Temos sempre muitos objectivos para concretizar e as receitas nunca são suficientes. E não me refiro apenas àqueles objectivos de investimento em obras, no "betão", como agora se gosta muito de dizer. Refiro-me também às acções imateriais, aquelas que são de investimento nas pessoas, que são prioritárias e também têm custos, embora não se vejam, como também não se vêem muitas vezes os resultados a curto ou médio prazo. Obstáculos, muitos: a falta de qualificação dos meios humanos, a insularidade - porque a distância é espaço, mas também é tempo -, uma administração pública demasiado burocratizada e obsoleta, a falta de confiança mútua entre Estado e cidadãos, o individualismo.Acha que o papel da mulher na política é desvalorizado?Não. Não acho que seja desvalorizado. Penso que os cidadãos não deixam de reconhecer o trabalho de uma política, só porque ela é mulher. Se assim fosse não elegeriam mulheres. Acho é que as mulheres têm que superar mais obstáculos para desempenhar o seu papel. Vivemos numa sociedade conservadora, é um facto, onde muitas atitudes que são toleradas, e consentidas até, nos homens, são censuradas nas mulheres, e onde a demagogia ainda apela à intolerância face à diferença, em vez da sua inclusão.Apesar de haver cada vez mais mulheres na política, certo é que este ainda é "um mundo de homens". O que é possível fazer para inverter esta situação?Talvez haja cada vez mais mulheres na política, mas não acho que essa participação tenha aumentado muito nos últimos anos. Penso que houve um determinado momento em que houve essa preocupação, e foi útil, mas acho que depois se descansou dessa luta. A diferença é que antes esse mundo não era favorável às mulheres, estas tinham que forçar a sua integração num meio masculino e adverso. Agora se não estão lá é por opção própria e é isso que é importante perceber porquê.São as mulheres que impõem obstáculos a si próprias e por isso procuram carreiras em áreas mais estáveis?As mulheres não impõem obstáculos a si próprias, impõem objectivos. E esses objectivos são muitas vezes difíceis de concretizar, mas não deixam de lutar por eles. Penso que as mulheres são mais dinâmicas, ou menos, mais empreendedoras, ou menos, em qualquer carreira. Não considero que haja áreas mais estáveis. A estabilidade ou instabilidade de uma sociedade afecta todas: a cozinheira, a professora, a operária, a autarca...Que conselhos pode dar para quem quer conciliar o trabalho e a família e simultaneamente não perder as oportunidades de carreira?Fazer sempre o que se gosta de fazer. Uma oportunidade de carreira só é uma oportunidade se nos tornar melhores como pessoas e mais felizes - e quando é assim, a conciliação é possível. Conhecem-se muitos casos de mulheres e homens com carreiras de sucesso e que não deixam de dedicar atenção às suas famílias.Quais os seus projectos em termos do futuro político?Os meus projectos foram apresentados há dois anos ao eleitorado que me elegeu para estes quatro anos de mandato.Que balanço faz do seu mandato enquanto presidente de câmara?O balanço posso fazê-lo de uma forma muito objectiva que é listar o que está feito e o que falta fazer: seria uma lista extensa de obras feitas e objectivos já concretizados. Mas a mim preocupa-me mais o que ainda tenho para fazer e a sua concretização será o meu "cavalo de batalha" nos próximos dois anos.Quais as principais carências do concelho das Lajes do Pico?Não temos um tecido empresarial forte que invista e inove. A oferta de emprego é escassa. E são escassos também os recursos humanos qualificados.Qual o grande projecto deste mandato?A qualidade de vida. Fazer do meu concelho um local privilegiado na Região para se viver e trabalhar.Como caracteriza as relações entre o Governo Regional e a Câmara Municipal das Lajes do Pico?São as relações institucionais normais entre um Governo e uma Autarquia. Confesso que são mais cordiais com alguns departamentos do que com outros e que há áreas onde gostaríamos de poder contar com mais alguma colaboração. Queremos sempre mais e melhor, é a nossa natural aspiração. Como autarca estou sempre disponível para colaborar em tudo o que de bom for feito pelo desenvolvimento do meu concelho.
Turismo potencia concelho
Que projectos tem a autarquia para dinamizar o concelho?O programa que apresentei ao eleitorado em 2005 era um ambicioso projecto de renovação do concelho em todos os níveis. Tinha como principal objectivo iniciar um desenvolvimento global, sustentado e duradouro. Para isso, elegemos o triângulo lazer-cultura-ciência como motor de uma estratégia de turismo, o principal elemento de desenvolvimento económico. Em torno disto, definimos todas as estratégias parciais. Para tal, considerámos ser tão importante ter uma unidade hoteleira ou um centro cultural, como reconstruir estradas e caminhos, recuperar zonas balneares e de lazer ou qualificar os estabelecimentos de ensino. Estamos a fazer tudo isso e muito mais a um bom ritmo. Neste pequeno período de tempo, iniciámos uma componente de turismo como a recuperação do Forte de Santa Catarina; na ligação património-cultura-ciência, concretizámos a recuperação da antiga fábrica da baleia SIBIL para instalação do Centro de Artes e de Ciências do Mar; lançámos uma empreitada de quase 1 milhão de euros para recuperação da rede viária municipal; estamos a requalificar toda a rede de estabelecimentos de ensino; no campo do lazer, recreio e desporto, destaco a concretização do primeiro campo de jogos, com relvado sintético e bancada, a piscina municipal e o apoio generalizado às muitas associações do concelho. Somos o município da Região com as maiores apostas em termos de cultura de referência. Portanto, o que desejo continuar a fazer para dinamizar o desenvolvimento económico e social do concelho é isto: solidificar o que está feito e continuar a trabalhar para deixar raízes de desenvolvimento. Para estes pouco mais de dois anos que restam, contudo, gostaria de ver concretizados mais projectos privados.
PerfilSara Maria Alves da Rosa Santos nasceu nas Lajes do Pico, em 1963. De formação técnica - trabalhou quase 20 anos na banca - dá, contudo, uma particular atenção ao desenvolvimento cultural e à promoção da educação. Exerceu funções como presidente de câmara substituta entre Janeiro de 2004 e Setembro de 2005. Foi eleita, em Outubro de 2005, para o cargo de presidente da autarquia das Lajes do Pico. Sara Santos assume-se como uma presidente de câmara de uma novíssima geração: não se reconhece na prática enquistada da velha política portuguesa nem naqueles que exercem os cargos públicos como gestores desinteressados. Na sua prática, integra os bons princípios de missão e de ética social dos mais velhos e os conhecimentos técnicos das novas gerações, qualidades a que depois junta o profundo conhecimento da sua terra e a sua capacidade de concepção e concretização de projectos em prol da comunidade.
ISABEL ALVES COELHO" in semanário "Expresso das Nove"

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A Muralha de defesa fica ou não ligada a terra?

Está em fase de conclusão o projecto de construção da muralha de defesa das Lajes. A cabeça do molhe está feita (será que a ponta vai ficar com um farol? achamos que sim, que é necessário), e o resto dos trabalhos prosseguem. Já não é sem tempo pois o prazo estipulado há muito foi ultrapassado.


Os lajenses, interrogam-se se o acesso à construção do molhe vai ou não ser destruído. Se sim, contestamos, porque está provado pelas últimas maresias que ele impediu galgamentos de mar junto à entrada do caneiro. O governo e a SRAP (Secretaria do ambiente) dona da obra, devem rever a sua decisão. Aliás a Sra secretária, ficou de dar uma resposta a esta questão em tempos passados, mas ainda não chegou.


Os lajenses, têm de se unir, para reivindicar a continuação do acesso, tal como está e com mais segurança.


Se isso não suceder, o mar provará que temos razão, mas a solução demorará mais alguns anos, pois nada poderemos esperar do deputado do PS natural da Piedade. Por ele nada aqui teria sido feito.


Lajenses, esta é a hora de não nos deixarmos enganar com explicações que se prova não terem fundamento. A muralha é um benefício, mas o acesso também, para impedir investidas do mar e enchentes. Nós que aqui vivemos, constatámos isso e não abdicaremos desse intento, doa a quem doer. Aqui estaremos abertos à sua defesa e não permitiremos que se cozinhem outras soluções nas nossas costas. Afinal esperámos e sofremos centenas de anos!!!